domingo, novembro 28, 2004

#42 *Nós

Vontades são esquissos do nosso ser. Portas que abrimos, riscos que fazemos e nos quais moldamos o acreditamos poder. E se o fazemos a preto e branco é porque queremos , no futuro, cor.
Não sou pretencioso ao ponto de achar que o tempo é meu. Respeito-te, sempre!
Pensava nisto enquanto sentia o teu pedido de desculpas assustado. Com o sorriso irradiando confiança abracei-te. Suspirei-te. A tela que serve de fundo ao Nosso ser constrói-se de vontades, pinta-se com paixão. Assim podemos contemplá-la como Um.

quinta-feira, novembro 25, 2004

#41 *Inês

vai à janela
sopra-me o teu perfume
eu deito-me no chão
acendo velas
e deixo que o teu cheiro arda nas chamas
que fique impregnado no meu quarto como está em mim.
fica na noite, solta uma melodia.
solta a voz que chama por aquilo que precisa
sem medo de o receber, como o fazes
tão bem, tão teu.
pergunta o que quiseres
a minha voz não responde,
os olhos fá-lo-ão melhor
as mãos acompanham.
solta o rio que corre em ti
faz gemer a seiva que te flui nos olhos
essas janelas que sorriem e conquistam.
faz brotar o candeio que floresce primaveril
não te arrependas de ser inverno
aqueces com a tua presença.
Vem abraçar-me e deixa ser...
...um só.

terça-feira, novembro 23, 2004

#40 *Estranho!

Acordar sem pequeno almoço. Manhã estranha replecta de estranhas percepções.
Senti-te, como vem sendo costume, mas mais que nunca detive-me na vontade do teu abraço que suavemente acolhia o meu cansado corpo.
Dia estranho.
Motivação.
Felicidade.
Obrigado por existires.
Noite com lágrimas estranhas. Amigo, traído.
Cama.
Cheiro-te, tacteias-me a alma.
Sonho: a realidade: o que sinto por ti.
Baccio

segunda-feira, novembro 22, 2004

#39 *Reflexos em Ti

Se pudesse fazer considerações sobre mim adjectivava-me de dinâmico. Evolutivo. Mais feliz que ontém, menos que amanhã, e no entanto muito feliz em qualquer um dos momentos.
Observo a vida como uma reinterpretação de mim, uma interpretação de tudo o que de bom posso ter feito e que de mau fiz, como protagonista principal, como espectador atento, como crítico indiscutível.
E daquilo que retiro ensino-me. Daquilo que retiro sinto-me uma melhor pessoa.

E senti desde domingo a efemeridade da vida. Que veio reforçar tudo aquilo em que sempre acreditei. Que veio elevar a importância do pormenor. Que veio revelar a importância de nós entre os outros, e os segundos, nossos, dos outros.
Não sou escravo do tempo, ele é uma realidade, e tanto do que traz leva. Respeito-o.
Desta forma quero apenas agradecer a um grande amigo o abraço que lhe dei, que me fez sentir relevante na sua vida. Quero dar a esse mesmo amigo a maior força, como irmão, que puder existir.

E digo também que tudo o que me passa pela cabeça continua a ser felicidade. Pois toda a interpretação permi-te estar aqui a escrever para os que amo de diferente formas, incluindo-me.

As últimas linhas desta imagem de mim, surgem contextualizadas em felicidade, pois se tudo o que faço de mim pra mim são reflexões inteligíveis, essas mesmas reflexões de mim pra ti surgem num sentimento que te sussurro ao ouvido, qual marinheiro que avista terra. Grito-a e ao mundo num abraço, como o primeiro e todos os outros. Quero que saibam que és tu, simples, única e maravilhosamente Tu... [ ... sinto-te... ]

domingo, novembro 21, 2004

#38 *Sinto

Os meus olhos percorriam-me a alma, o meu corpo flutuante sobre o teu. E na palma da mão, e, nos dedos que abraçavam o teu calor senti o pleno. Inalei o teu odor e percebi que era único, inventado de ti p’ra ti, que nem Suskind alguma vez poderia escrever. O teu rosto colado ao meu. Os nossos lábios num só. Os teus olhos semicerrados fitaram-me o coração no momento em que libertei, em explosão, calor. Não é descritível a viagem intelígivel da qual fui protagonista.
Quando me apercebi de tudo isto, senti-me o homem mais feliz.
Único, esse momento, recordo-o como repetição em cada segundo após o outro.
Sinto-te.

quinta-feira, novembro 18, 2004

#37 *Sobre ontem: Beleza

Hoje senti-me um estranho em Lisboa, enquanto cantava.
Talvez outrora a escadaria interminável soasse a sacrifício. O frio que cortava a cara pudesse ser no mínimo incomodativo. A noite em que já mergulhava a cidade pudesse trazer-me insegurança. Corresse com a pressa do tempo.
Naquele momento os meus pés absorviam cada passo e davam-mos como recordação. Os olhos espectantes bebiam os edifícios da movimentada avenida. O cheiro das pessoas fascinava-me, qual recém nascido, turista embevido que tudo vê pela primeira vez.
Reconhecia em mim a incapacidade de controlar a percepção. A mão que deslizei suavemente sobre a rugosa fachada do antigo terminal do Arco do Cego, o olhar não direccionado que se elevava a 360º, e cantei para que todos pensassem que sou louco. Tive mesmo um surto impiedoso de voz que abafou o rosnar dos motores urbanos.
E o vento? Ah! O vento que levou as notas como sopros entre ruas, ouviste-as?
Cruzei aquela esquina como todos os dias, e, lá encontrei ainda mais novidade. Como se nunca o tivesse feito contemplei a publicidade cubista do Galeto. E à entrada do metro não consegui julgar os mendigos, não consegui despresar o que me rodeava.
Perguntava se todos, os que de olhos vazios jaziam como pedras no metro, tinham neles a minha alegria. Se partilhavam comigo o azul e vermelho com que pintei o metropolitano.
Não corri pela estação para evitar os dificeis cheiros. Detive-me junto à colunata, quase corri para cumprimentar o segurança. As viagens que fiz não se tornaram rotineiras, o brilho nos meus olhos deixavam espreitar por estas janelas a força de viver que me envolve.
Espantoso é afirmar que dias como estes multiplicam-se assim que acordo e digo bom dia ao sol por nascer e ao nevoeiro por descer. A eles confesso o que sinto. E a ti!

quarta-feira, novembro 17, 2004

#36 *Hoje

...Venho aqui deixar um pequeno post-it sobre aquilo que tenciono descrever amanhã.
Fica aqui a sugestão com o primeiro parágrafo.

"Hoje senti-me um estranho em Lisboa, enquanto cantava."

terça-feira, novembro 16, 2004

#35 *O Bosque

Pela nossa adorada noite oiço os suspiros das árvores. Imeditamente sinto um disparo de adrenalina que me invade com desejo. Sem controle sobre as mesmas, vejo as minhas pernas desatarem num frenético embaraço. No escuro distingo apenas dois brilhos: a tua aura, cintila qual força de um campo. O outro espelham os meus olhos.
Embora frenético permaneço estático a contemplar-te. Assisto ao abraçar das árvores sobre ti e o contexto telúrico diluir-se em em ti numa simbiose apaixonante. O cheiro, sinaliza-te como característica inerente à tua plenitude. Começo a flutuar sobre a neblina que se havera formado com o ameaçar do acordar. Acolhido entre as copas das árvores, que me abraçam como as tuas macias mãos, sinto que consigo reflectir sobre as lembranças que me chicotearam o passado , e cujas feridas saram com a seiva deste bosque, com o vapor que o teu tronco liberta em resposta à forma como nos abraçamos, que me dá confiança que me faz sentir parte deste ecosistema.

#34 *Até já

Em sonhos que precorro, encontro-te. No bosque, até já.
Depois retrato, agora quero ir lá.

domingo, novembro 14, 2004

#33 *Time is ours

Calmamente a tinta precorre os poros do pano-cru. Sem pressas o pigmento reflecte o explendor da tua luz. E o que pinto? Objectivo: felicidade, não minto.
Arriscas também os primeiros traços. Seguro-te a mão, não por que não confie em ti, muito pelo contrário, seguro-te a mão para que me sintas em ti, para que sintas que não tens de ter medo de pintar, para que o meu tacto te ajude quando o teu desejo o precisar.
Sabe bem pintar, pelos momentos, pelo abraço, pelo ouvir sussurar. Sabe bem aquele sentimento do presente estampado nos nossos gestos, sabe bem o gesto das tuas mãos nas minhas. O tempo pinta conosco esta tela num gesto genuíno e cuidado.

sábado, novembro 13, 2004

#32 *It’s where I want to be...

…This state of emergency. (Björk, Jöga)

[ break fast ]:


Dá-me um pouco da tua grandeza, que eu a beberei como essência do crescer
para que em mim caiba a percepção do teu Ser.

sexta-feira, novembro 12, 2004

#31 *Karma

Com desculpa começo a frase. Que medo é este que me consome o discurso, que nos consome o diálogo? Porque reajo assim perante a tua beleza comportamental, a naturalidade dos teus actos jacosos? Sinto que não a mereço e tudo apenas porque sou alcançado pela insuficiência cibernética, que me agita os pânicos, que me tenta impor insegurança que não me pertence.
Tranquilizado cesso ao trabalho. Meticulosamente reflicto sobre o suave dançar dos lençois que se abrem, como se fosse a música das tuas palavras que leio sem som. Tranquilizado disse: repito-o porque acredito na força da vontade com que nos mantemos firmes nos corpos desgastados de quotidiano, isto após, sucessivamente termos tomado consciência que eles também sabem quem somos. Mas o nosso coração não. Muito menos, o saberão as nossas almas enquanto se abraçam; percebem a mutualidade dos medos; percebem a mutualidade dos momentos. Mesmo assim dançam tranquilamente... Tranquilamente deito-me e encontro-te no sonho. Até já, naquele Karma.

quinta-feira, novembro 11, 2004

#30 *Musicalmente em momentos.

Fosse talvez o acaso de acordar com música uma circunstância funcional.
Fosse talvez o acaso essa música ser a mais completa e perfeita que ouvi até hoje.
Fosse por acaso que hoje vi infinitos novembros em novembro.
Fosse por acaso que novembro volta a ser.
Talvez o acaso destas possibilidades não seja isso mesmo.
O acaso só o é se o quisermos ver com tal.
E visto como tal o acaso é muito mais que um acontecimento finito. É o eixo que gera organicamente a nossa vida.
É o eixo que concebe musicalmente em momentos.
Vi-me confrontado com isto, entre bolachas e iogurte que corriam para o autocarro. E apercebi-me que esta reflexão é o resultado do teu reflexo em mim, sorridente.
É o aceitar que na manhã ventosa vens comigo, que deixo a janela aberta para sentir o cheiro do rio e a música desse momento.

quarta-feira, novembro 10, 2004

#29 *Há muito que não passava a angústia da folha em branco!

Acordava e recordava as pessoas. Que escrevo e releio no embarasso.
Esse não foi, porém, o real motivo da força com que me levantei, força essa que cheirava a felicidade que elucidava-me de vontade, que reflectia o tom jovial e inocente das minhas lembranças, recentes!
Em parte concebo-me uma película frágil de força e autoestima mas aceito na autoreflexão que o pequeno almoço impõe, que as vivências menos recentes me provocam uma insegurança tramada. Complexa e pouco identificável.
A ela não me resigno! Encontro, Aqui e ontém, uma tela em branco e rápidamente me esboço em traços fluídos do meu ser. E Aqui nesta cama, num misto de ansiedade e pressa arranco o pijama ainda transpirado transmigro a alma do sonho em que te acompanhava levo-a comigo prometendo que horas depois, após esta mesmo, transportar-me as imagens recentes, a devolverei à tela.
Na tela deixo a minha alma fluir. Interpreta-a e eu ofereço-te o quadro.

segunda-feira, novembro 08, 2004

#28 *Picassos

E todo eu pinto o teu olhar em sorrisos. Aqui a noite não tem luzes, estrelas. Pintava-as também num gesto cúbico, e a ti dividia-te a imensidão para a poder absorver, e pintava a guitarra arrumada no carro, e o carro, e a noite em que te conheci.
Rapidamente o cigarro apagava-se num gesto fugaz, comprometido e eu corria para dentro das ilusões. Espreitava-te e fazia um traço, outro e mais outro, e ainda outro, com o movimento das luzes que reflectias. E a pintura surgia futurista, em planos e traçados regulares.
Mas eu preferi pintá-la regularmente com irregularidades, com adrenalina. E com tempo pinto essa tela que mais que tudo quero que seja uma tatuagem.

domingo, novembro 07, 2004

#27 *Quem Não Merece NÃO Ouve.

Stop! Change the music.