#56 *Quem és Inverno?
Tudo em ti tem o cheiro de descoberta. Acabo de dar os primeiros passos e todo o teu mistério se apodera de mim.
Abraças-me como se nada fosse, e tudo é. Tudo o que me provoca delírio positivo. E no escuro que a ti pertence mais que a qualquer outra, procuro as respostas que não encontro na sonolenta-forte luz. E tão única que a tua é, mais branca, mais limpa, menos óbvia e mistura-se no crepúsculo.
Não é paixão o que descrevo, é uma obsessão doentia, como a de sentir os pingos da chuva molhar-me. É um masoquismo de estar no limite da beleza que me atormenta e que quero possuir. A beleza da tua cor, a beleza do teu vento que transporta os cheiros, a imensidão dos dias pequenos e das grandes ausências de calor, e do frio que aquece.
São as músicas que cantas e transportam a alma e o corpo para o inteligível, para ti.
Porque também tu tens algo de pouco palpável e em paradoxo te apresentas.
Apetece-me deitar-me contigo e beber o que me ofereceste.
Não é veneno pois não?