quinta-feira, abril 17, 2008

#94 *Mensagem morta

Pego na bicicleta e escrevo um diário.
Agarro na caneta e no moleskin e deixo os pedais rolarem e o silencio prender-me.
O valor das palavras ficou destruído no consumo.
Um beijo e um abraço já não têm forma, cheiro nem sabor.
Os sorrisos já não são dos poetas.
O mundo, o meu, vive de um trabalho, de uma energia de substituição. Até porque mais uma vez os poemas estão mortos no egoísmo de quem os lê.
Há ainda quem queira espalhar mensagens no mundo. Eu gosto de entregar as minhas pessoalmente, porque o mundo não é para mim, pelo menos não este.
Vivo então na introspecção sobre tudo isto. Crio o meu sonho de criança.
Volto então à bicicleta e ao diário e deixo-me abraçar pelo que resta da verdade.