segunda-feira, dezembro 08, 2008

#97 *2008

Sento-me na aresta da algibeira. Pergunto-me se devo cair, para dentro ou para fora de mim.
Identifico-me com ambos os lados e com a vontade de ir mas sei que não me encontrarei em parte alguma nos tecidos.
E as costuras tentam disfarçar. Sem sangue parece não haver feridas, ou apaga-se a memória da sua origem. Para continuar a cair para fora. Mas desta vez para dentro de mim, mesmo sem poder identificar a pertença de tantos pontos cirúrgicos.
Procuro saber então as origens. Procuro encontrar os beijos perdidos na minha boca gasta pelas palavras que num trago de saliva percorrem agora o meu mundo.
E os beijos, também esses, feridos e suturados procuram sair do bolso num gesto de ilusionismo.
É então uma ilusão a queda, para dentro ou para fora.
E como se também eu pertencesse aos beijos e às palavras deixar-me-ia percorrer o mundo e cair, sempre que fosse preciso, fora, dentro, de mim.

11 Comments:

Blogger PreDatado said...

A nossa vida é feita de equilibrios. O dentro e o fora é apenas uma ténue fronteira, uma aresta, como escreveste. Escolher o lado onde estar em cada momento para que não nos percamos nos tecidos é sempre um exercício que devemos ter em conta na nossa vida. E depois há os beijos... mas isso é outra conversa.

10:12 da tarde  
Blogger escarlate.due said...

belo texto!!! muito bom mesmo!!! Tenho de vir com tempo para vasculhar os outros

9:27 da manhã  
Blogger Paula Raposo said...

Através do PreDatado aqui estou. Gostei de te ler. Beijos.

9:35 da manhã  
Blogger Teresa Durães said...

os beijos tantas vezes ausentes e amargos

9:44 da manhã  
Blogger Carla said...

chegueo a conselho do PreDatado e confesso que adorei o que li.
Prometo voltar com mais tempo para devorar as palavras
beijos

11:07 da manhã  
Blogger Boop said...

Não se consegue ficar indiferente ao texto.
Eu pensei nos beijos e nas palavras trocados sem sentido. E lembrei com uma vivacidade surpreendente os beijos e palavras repletos de intensidade!

;)

11:09 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Lembrei-me das tantas vezes em que, silenciar sobre meus sentimentos ou externá-los sem constrangimentos, me deixavam perplexa e, muitas vezes, me fazia sorrir - afinal de contas, a vida é isso, não é?

PS: vinda através do "espelho" do PreDatado.

12:45 da tarde  
Blogger JC said...

a exteriorização dos meus pensamentos e sentimentos é a razão de existir deste blogue.

É uma mensagem de mim para mim, e por vezes para outros, é uma forma de equilibrio.

Obrigado pelas visitas e pelos comentários e prometo que vou ser mais assíduo nas minhas escritas e nos vossos blogues também.

12:56 da tarde  
Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) said...

ainda não li os textos com a atenção que lhe são devidos.

mas, de tudo o que li, acho que isto é autentica prosa poética.

cheguei aqui pela mão do Predatado e em boa hora, confesso.

parabens!

8:33 da manhã  
Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) said...

ainda não li os textos com a atenção que lhe são devidos.

mas, de tudo o que li, acho que isto é autentica prosa poética.

cheguei aqui pela mão do Predatado e em boa hora, confesso.

parabens!

8:34 da manhã  
Blogger Artur Gonçalves Dias said...

Deixo desde já os meus parabéns pelo belo blogue. Bastante idiossincrásico e poético.
Serei um frequentador assíduo deste espaço.

Cumprimentos

3:02 da tarde  

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