quarta-feira, outubro 12, 2011

#103 *Inquietação

Foram 3 meses de algo que pairava, sem se saber o porquê. O verão não estava, teimava em não vir como se quisesse mostrar-lhes que era assim que devia, entre tempestades e calmarias, agitar-lhes os pensamentos. Inquietação pensou. Ele procurava o Seu bom dia em silenciosa inquietação. Durante 3 meses era Ela a sua trovoada matinal antes das nuvens caírem à tarde sobre o lago, e de o céu transpirar toda aquela inquieta precipitação e continuar a gritar noite dentro. Ela era toda agitação, a azáfama dos copos e cafés largava-se num sorriso que acalmava o tilintar dos trovões em manhãs de céu claro.
E assim se passaram 3 meses de neblinas sem que algum significado pudesse ser atribuído a toda aquela inquieta agitação, se é que neste momento algum se possa atribuir. Até as plantas do vizinho desabrochavam em Outono, e o de odor firme penetravam as janelas abertas do calor que o verão indiano trouxera. Mas ele tampouco queria saber das plantas do vizinho muito menos do calor, esse incómodo ser. E assim enquanto de tons de sépia se despiam as árvores e a neblina se levantava, ele entrava pela porta do café, para ver começar a chover lá fora.
Os copos pararam de trovejar, para dar lugar a mais inquietação.

2 Comments:

Blogger Janita said...

Fosse porque motivo fosse - ainda que eu gostasse de pensar que o meu pedido teve algum peso - vejo que voltaste. Ainda bem!
Para ser sincera, voltei aqui porque fui assaltada por uma ideia, que agora me parece ter tido fundamento, e fiquei contente.
Bom, deixa lá.

Escreves muito bem e com um sentimento raro em alguém ainda tão jovem.
Estes "3 meses de inquietação" constante, são disso a prova.
Parabéns JC.
Se não te importares vou levar-te para o meu canto. Assim ficarei a saber quando publicas de novo.
Um beijo.
Janita

8:50 da tarde  
Blogger JC said...

Janita, antes de mais queria agradecer-lhe o comentário, e fico contente que sinta o que escrevo
A esse propósito explico-lhe que a minha escrita vem de um lugar que precisa de presenças e é por esse motivo tão intermitente como esse lugar.
Não sou um verdadeiro escritor porque não sei criar, mas preciso de transmitir.

Obrigado por me ter levado consigo para o seu cantinho e embora não lhe prometa muitas leituras prometo-lhe apenas que ler-me-a sempre, a mim e apenas a mim.

10:30 da tarde  

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