sábado, fevereiro 19, 2005

#46 Hoje

Hoje percebi o que é amar-te, sentir-te em gestos assustados da circunstância, revoltados do falhanço. Queria irromper pelos teus lençóis possuir o teu abraço, abraçar o teu cheiro entre os outros cheiros que não são mais que aromas subtis. Hoje sentei-me naquela cadeira, naquele antigo cinema nos tempos áureos de Almada onde adormeci aos Estruvante.
Naquela sala musicada por sons abstraccionados em melodias intituladas. O meu olhar intitulava –te minha, eternamente minha.
Hoje perpetuei a saudade que me rasgou o coração inundado de ausências que se têm sentido nos olhares revoltados nas palavras ressentidas do desamor que Daí brotou. Brota também o frio. Frio invernalmente nostálgico. E agora que faço? Não somos indiferentes à saudade. Não somos, não sou… não és!
Sonhei-te naquela noite em que te pintei.
Sonhei-te na noite em que te sonhei, nas lembranças subconsciencializadas.
Tive-te em tantas outras. Naquelas, AH… como me recordo… como únicos, momentos.
Voltei a ter-te em três meses ou três anos ou três décadas, ou mais. Não sei, e o que interessa? Desculpa a eternidade.
Sim! Amor?! Eternidade, saudade, opá… porque choro?
Aquela sala, lembrou-me o momento musical em que os teus olhos encontraram os meus. Ainda que não o admitas! Lá estou eu presunçoso como observaste. Porque me tratas como se não te amasse, porque duvidas dos tecidos que teço? E cheiram ao calor do nosso abraço em noites frias.
Tudo o que tenho é vontade, virtude que guardo nas palavras, nos olhares, odores sabores também eles virtuosos. Também eles únicos, também eles como o nosso amor.
Inês não te arrependas de ser Inverno… mas por favor volta a aquecer-me com a tua presença. Chega… Hoje talvez mais do que nunca passei um dia sem ti…
Hoje sinto-te.