segunda-feira, novembro 07, 2005

#51 *(um_título_qualquer_de_um_livro)

Odeio o que não leio. Odeio o que não escrevo. Odeio a poesia que não possuo.
Amo a literatura. Amo o que não sei ler. Amo nunca vir a saber, que nunca soube escrever.
E quem se exprime oprime. A Liberdade não se exprime. Exprime-te e reinventa aquilo que já acabou.
Começas a inventar tudo o que já está projectado. Inventas o que não gostas. Idolatras o inventor.
Mato os sorrisos. Rio-me do pateta que nem sabe que a pornografia é uma arte. Sei que isto é tudo tão estúpido.
Escrevo em poesia, aquela que não tenho e que odeio, e deixo-me levar pela leitura, talvez de literaturas que escrevi. Linhas que julguei serem a expressão da opressão mas que expressaram toda a liberdade de reinventar-me desde o começo. E não só reinventei como invento sem planear, e adoro tudo o que invento e chamo estúpido ao que se julgou inventor mas é mais pateta do que o próprio. Sorrio quando percebo que este também vai ao cinema e sabe que essa é a maior arte.
Ainda bem que não me acham estúpido.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Falas de literatura, de escrita, de arte e de estupidez…
Será que está tudo relacionado? Será que ao escrevermos literatura, estamos a conceber arte? E essa arte não poderá fazer de nós estúpidos?
Escrevemos aquilo que não temos oportunidade de dizer… Escrevemos porque não sabemos a quem devemos dirigir tais palavras.
Quem pode ser mais estúpido que um escritor que escreve para si e mais tarde publica para outros?
Quem pode ser mais estúpido que um escritor, que torna publico aquilo de mais privado que há em si?
Quem escreve sente, e quem sente sofre. Quem sofre é estúpido. Logo um escritor é um estúpido.

10:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Discordo da conclusão acima, e apetece-me "emendar".

Um escritor pode escrever para si, mas publica para outros porque necessita de partilhar. (Será, então, para si mesmo que está a escrever? Será que um escritor quando escreve, envia cartas para si mesmo, "correspondendo-se" como se de um interlocutor imaginário se tratasse? Duvido.)

Não me parece que no acto de publicar posteriormente o que escreveu "para si" esteja um acto de estupidez, mas sim de lucidez. Uma lucidez infeliz (ou feliz?) e "auto-flagelante", se calhar...

Concluindo e modificando:

Quem escreve sente, e quem sente sofre. Mas quem sofre não é estúpido. Quem sofre supera. Quem sofre ultrapassa. Quem sofre vence.

9:51 da tarde  
Blogger JC said...

o primeiro comentário sei de quem é, mas este fiquei curioso. Queres identificar-te? :]

11:11 da tarde  

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