domingo, novembro 06, 2005

#50 *Escreve-me

Sentas-te sozinho. As paredes que te envolvem são brancas e frias.
Não distingues aquilo que acabaste de cometer e ainda susténs esse sorriso infantil no rosto.
Julgas-te alguém só porque acabas os dias a olhar para o teu umbigo.
Sim, o Inverno foi-se! Sim, a submissão à rotina morreu! Mas isso não te dá o direito de tornares tudo em objectos, considerares apenas uma posição sem o reverso da moeda?
Aceitas toda esta consciência, mas no outro lado, a diversão, o prazer e a adrenalina da despreocupação deixam-te viver a tua esquizofrenia. E passas os dias na imoralidade. Bebes o que bebes, gastas o que gastas, a ti e às outras pessoas. Bebes a alma da pureza das mulheres que te foderam. Vives na loucura à procura de sanidade.
E quando tudo acaba?
Quando tudo acaba estás só e insano. Até a tua força se foi embora. Deprimes-te com a ausência de sabor. Voltas ao maquinal, tornas-te servo do quotidiano.
As lágrimas deslizam até lençóis. Já nem sentado estás: Deitaste-te.