#105 *Lausanne, Novembro 2011
A indecisão apareceu para jantar. Invadiu aquele lugar qual corrente de ar fria, sorrateira, deslocando-se entre a porta e a janela, instalando-se em corrupio entre os rostos aquecidos de sopa e tinto.
A confrontação propositada entre o quente e o frio não deixava porem margem para indecisões, salvo as requeridas quando de jogo se trata, esse que se conta em detalhes, esse que obriga à descoberta, esse que nos levava a lado algum.
Ficámos ali perdidos na tradução de um idioma que não nos pertencia. Ali permanecemos sem nos nos encontrarmos nos dialetos, do ingénuo romantismo à pretensiosa pornografia. Um equação mal calculada entre variáveis inexistentes, invadida por somas de sinais trocados. Um exercício para crentes. Olha o mau aluno na sua patética aritmética.
Ias-te rindo da sua sincera inocência, perpetuavas essa indecisão.
(Mais uma vez a sua alma entregara-se à ausência, abraçando-a num silêncio homenageando as suas existências desumanas)