#96 *(in)diferentes
Tentei ver se a chuva que batia nos vidros ganhava a forma das tuas lágrimas em saudade.
Tentei perceber se tudo estava bem enquanto anoitecia.
As tuas noites são as minhas manhãs e quando acordo nem a dormir estás.
Onde andas? Por onde viaja a tua alma se nem num eco das montanhas a posso escutar.
Onde está a saudade que te ouvi pronunciar enquanto espreitávamos a velha cidade?
Talvez sejam as minhas lágrimas, sós, que oiço ao ritmo da vida. Talvez, também por estarem sós encontram a sua razão de existir.
Gostava que ouvíssemos a mesma canção agora. Mas tu danças, ao som da alegria telúrica. Eu levo as minhas lágrimas para os lençóis e deixo-me adormecer nas notas da diferença e da indiferença.