quarta-feira, junho 30, 2004

#7 *Diamantes

Acordei com uma preciosidade. No bolso da mente estava impregnado um diamante. Cravado neste sujeito, ainda lhe sentia o sabor e o brilho. Insalubre mas cintilante, a memória de uma dormida permanecia prudentemente relembrada. Quem serias tu para me acusares, de calculista. O diamante mostrou-me a minha inconsequência a minha marca pessoal, o meu arriscar viver a vida, mas o teu sabor, esse não é real. E a que sabes tu? Água de coco, sumo tropical, feijão com arroz? Ah, como era bom o teu sabor do qual não me recordo. Ah, como são bons os sonhos de um jovem. Sonho. Não és objectivo.
O teu sorriso, esse sim brilha como diamante, o teu andar sensual, qual dançarina frenética me conduz. Não és o meu pequeno-almoço. Quando os olhos se abrem o inquebrável diamante, dói-me na garganta. De volta ao paralelepipédico colchão, nem me consigo mexer, apetece-me gemer, de dor, mas as cordas não vibram.
Volto a fechá-los num gesto infantil de quem espera diamantes eternos. Mas tudo o que tem o seu valor e pode ser usado, já o foi. E a lembrança torna-se, em esperança, daquilo que virá depois de amanhã durante o Luar.